segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012




A LENDA DAS SETE CIDADES (II)

Há muitos, muitos anos, vivia no Reino das Sete Cidades uma pequena Princesa chamada Antília.
A menina era a filha única de um velho Rei viúvo que era conhecido pelo seu mau feitio. Senhor das Alquimias e do Saber, o Rei vivia em exclusivo para a sua filhinha, não gostando que a Princesa falasse com ninguém. A menina ora estava com o pai, ora estava com a velha ama que a criara desde o nascimento, altura em que a Rainha sua mãe falecera.
Os anos foram passando, Antília foi crescendo e um dia já não era mais aquela menina de tranças loiras caídas sobre os ombros, enfeitadas com flores silvestres; tinha-se transformado numa linda jovem, uma Princesa capaz de encantar qualquer rapaz do seu reino.
Contudo, se todos ouviam falar da beleza da jovem Princesa, eram poucos ou nenhuns os que a conheciam, pois o Rei não gostava que ela saísse do castelo nem dos jardins que o circundavam.
Mas Antília não se deixava intimidar pelo pai, e com a ajuda da velha ama costumava esquivar-se todas as tardes, enquanto o Rei dormia a sesta depois do almoço. Saía pelas traseiras, sem que ninguém a visse, e ia passear pelos montes e vales próximos. Num desses passeios, andando pela floresta, um dia a Princesa escutou uma música. A música era tão linda, encantou-a de tal forma, que ela se deixou guiar pelo som e foi descobrir um jovem pastor a tocar flauta, sentado no cimo de um monte. Era ele o autor de tanta maravilha! A Princesa, encantada, deixou-se ficar escondida a ouvir o jovem a tocar flauta. E ouviu-o escondida durante semanas, até que o pastor, um dia, a descobriu por detrás de uns arbustos.

Ao vê-la foi amor à primeira vista, e era recíproco, pois ela também estava apaixonada por ele. Os jovens continuaram a encontrar-se. Passavam as tardes a conversar e a rir, o pastor a tocar para a Princesa e ela a escutá-lo enlevada, e ambos se sentiam muito felizes juntos.
Um belo dia o pastor decidiu pedir a Princesa em casamento.
Logo pela manhãzinha, o jovem  bateu à porta do Castelo, e pediu ao criado para falar com o Rei. Pouco depois o criado voltou e levou-o à presença do Soberano. Muito nervoso mas determinado, o pastor fez-lhe uma vénia e, olhando-o nos olhos,disse:
- Majestade, gosto muito de Antília, sua filha, e gostaria de pedira sua mão em casamento.
- A mão de minha filha, NUNCA... OUVIS-TE... NUNCA!- disse o Rei aos berros.- Criado, põe este pastor atrevido na rua.
O jovem bem tentou argumentar, mas ele não o deixava falar, e expulsou-o do Castelo.
Em seguida o Rei mandou chamar Antília e proibiu-a de ver o pastor. Antília mais não fez do que acatar as ordens do Rei seu pai.
E nessa mesma tarde foi ter com o seu amor e disse-lhe que nunca mais se podiam encontrar.
Os dois jovens choraram toda a tarde abraçados.
As suas lágrimas, de tantas serem, formaram duas lindas e grandes lagoas, uma verde da cor dos olhos da Princesa, a outra azul da cor dos olhos do pastor.
E ainda hoje estas duas lagoas continuam no Vale das Sete Cidades, na Ilha de São Miguel, lá nos Açores, para avivar a memória de todos quantos por ali passam, e recordar o drama dos dois apaixonados.


LENDAS  DE PORTUGAL

Lenda das Lagoas das Sete Cidades
         Conta a lenda que há muitos, muitos anos, no lugar onde hoje fica a freguesia das Sete Cidades,       existia um grande reino onde vivia uma jovem princesa de olhos azuis, muito bela e bondosa.
   A princesa gostava muito da vida no campo e uma das suas actividades favoritas era passear pelos campos, sentindo o cheiro das flores, molhando os pés nas ribeiras ou apenas apreciando a beleza dos montes e vales que rodeavam o reino.
   Um dia, durante um dos seus longos passeios, a jovem princesa passou por um prado onde pastava um rebanho. Ali perto, tomando conta do seu rebanho, estava um simpático pastor de olhos verdes, com quem a princesa decidiu conversar.
   A princesa e o pastor falaram muito. Falaram dos animais, das flores, do tempo e de todas as coisas simples e belas que os rodeavam. Depois deste dia, os dois passaram a encontrar-se todos os dias para conversar.
   Os dias e as semanas foram passando, e a princesa e o pastor encontravam-se todos os dias no mesmo lugar onde se tinham conhecido. Com o passar do tempo foram-se apaixonando e acabaram por trocar juras de amor eterno.
  Mas a notícia dos encontros da princesa com o pastor acabaram por chegar aos ouvidos do rei, que não ficou nada satisfeito. Queria ver a sua filha casada com um príncipe de um dos reinos vizinhos e, por isso, proibiu-a de voltar a ver o pastor.
  • Por respeito ao pai, a princesa aceitou esta cruel decisão, mas pediu-lhe que a deixasse ir mais uma vez ao encontro do pastor para se poder despedir dele. Sensibilizado, o rei disse-lhe que sim.
  • A princesa e o pastor encontraram-se pela última vez nos verdes campos onde se conheceram… Mais uma vez, passaram o tempo a falar longamente sobre o seu amor e igualmente sobre a sua sepa
 Enquanto conversavam choravam também.
   E choravam tanto que as lágrimas dos olhos azuis da princesa correram pelo vale e formaram a lagoa azul; já as lágrimas dos olhos verdes do pastor caíram com tanta intensidade que formaram a lagoa de água verde.
   Por fim, os dois amados despediram-se e as lágrimas choradas pela sua separação formaram duas lagoas que ficaram para sempre juntas - tal como os dois enamorados, nunca se poderiam unir, mas também nunca se iriam separar.
   Uma é a Lagoa Azul, a outra é a Lagoa Verde: são chamadas de "Lagoas das Sete Cidades". Nos dias de sol mais brilhantes, as cores das duas lagoas são tão intensas que quase se consegue imaginar o olhar apaixonado do pastor dirigido para a sua princesa.